dezembro 12, 2009

A CONFERÊNCIA DE BERLIM

Já vimos que o interesse por África era muito mais do que meramente científico. De tal modo era cobiçada esta região do Globo que as potências mundiais se reuniram em 1884-1885 para repartir o continente africano entre si, na Conferência de Berlim. Por este acordo, só teria direito a ocupar uma região aquela nação que tivesse capacidade económica e militar para o fazer e não a que historicamente houvesse chegado lá em primeiro lugar. Países como Portugal, que reclamavam o direito histórico de ter chegado primeiro a estas regiões, saíram da conferência bastante prejudicados.
As viagens terrestres dos exploradores portugueses demonstram o interesse do rei D. Carlos em concluir um velho projecto de Portugal: estabelecer um corredor horizontal entre Angola e Moçambique, a que se daria o nome de mapa cor-de-rosa.
No entanto, este objectivo colidia com os interesses ingleses de estabelecer um corredor vertical entre o Egipto e a África do Sul. Cecil Rhodes, primeiro-ministro britânico, fundador efectivo de um Estado com o seu nome, a Rodésia, actual Zimbabwe, defendia que a Coroa britânica deveria possuir um vasto domínio contínuo “do Cairo ao Cabo”.
Os britânicos enviaram, a 11 de Janeiro de 1890, um ultimato, exigindo que Portugal retirasse as suas tropas do território que separava Angola de Moçambique (actuais Zâmbia e Zimbabwe). Humilhado, Portugal teve de ceder às exigências da maior potência mundial de então. Este episódio faria com que em Portugal nascesse então uma forte oposição a tudo quanto fosse britânico, criticando-se a Coroa portuguesa por ter acedido às pretensões estrangeiras com excessiva obediência. O Ultimato feriu profundamente as relações entre os dois reinos.

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